Dentro do mundo corporativo, durante muitos anos se acreditou que o QI - Quoeficiente de Inteligência fosse o grande diferencial entre uma pessoa de destaque e um ser humano normal, se acreditava que pessoas muito inteligentes seriam os líderes das empresas, seriam os comandantes e estrategistas de grandes companhias.  Muitos empresários pautavam seus recrutamentos de funcionários baseados nesta premissa, muitos davam cargos de liderança baseados nesta crença, e muitos funcionários insistiam em tornar os seus curriculuns cada vez mais robusto de conhecimentos técnicos, acadêmicos e literais.

Contudo, com o passar dos tempos e os estudos sobre o ser humano deixaram claro que as pessoas com QI elevado não necessariamente eram as mais bem sucedidas, enquanto outras com QI mediano mas dotadas de inúmeras outras competências emocionais tinham um melhor resultado profissional e pessoal.  Aspectos como disciplina, auto-gestão, empatia, proatividade, comunicação, expressão verbal e flexibilidade passaram a acompanhar as pessoas mais bem posicionadas.

É importante destacar que o conhecimento técnico especializado é sempre muito importante, uma vez que é o recurso que nos torna apto para exercer a função que queremos, mas o desenvolvimento das competências emocionais, no longo prazo, é o que nos destacará no futuro em nossas relações de trabalho.

Desta forma os empresários devem ficar atentos não apenas ao curriculum dos funcionários, devem observar aspectos ligados a ética, compromisso, relacionamento com os colegas, saber aceitar críticas, ser automotivado, aceitar hierarquias. Desta forma os funcionários precisam saber controlar a ansiedade e a impulsividade para que seja mais confortável o convívio com outros seres humanos, sejam estes colegas no trabalho, clientes, fornecedores ou outros stakeholders que flutuam em volta da empresa.  É de conhecimento público a frase, "Você será contratado pelo seu curriculum e será demitido pelo seu comportamento", pois isso é estatisticamente o que acontece no mercado em geral.

Temos que ter a consciência que não adianta sermos um ser superinteligente se não conseguimos trabalhar em equipe, temos que ter a certeza que precisamos melhorar sempre no que tange a nossos aspectos emocionais. Segundo Aristóteles "Sabedoria é perceber o que não sabemos", ou seja temos que buscar continuamente o nosso autoconhecimento, identificando o que não sabemos para podermos melhorar sempre, e certamente o que o mundo corporativo mais espera dos profissionais não é um curriculum com inúmeras graduações, mas essencialmente um profissional com habilidade emocionais que o torna fácil de lidar, com capacidade de movimentar pessoas de uma forma macia, que faça o que fala, que tenha compromisso, que seja honestos, todos elementos que não se aprende em um banco de faculdade, todos elementos que são aprendidos com a perspicácia no dia-a-dia.

Segundo Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York na época do atentado de 11 Setembro, as pessoas são treinadas e valorizadas pelo conhecimento técnico, devem tomar decisões em função do conhecimento que possuem, mas quando estão em um momento de crise, em uma decisão urgente a ser tomada, devem usar a sua intuição. Quando ele fortalece o uso da intuição está deixando claro que existem valores dentro de um bom profissional que o fará perceber coisas de forma abstrata e não tangível, e esta intuição ficará cada dia mais apurada se estivermos o tempo todo nos alimentando de competências não apenas técnicas.

Para finalizar digo:

Empresário: Crie o ambiente para que os talentos apareçam, e isso se faz com uma gestão participativa e não impositiva. Deixe claro e transparente o que você acredita ser importante de valores nas pessoas, para facilitar que os mesmos pautem as suas carreiras. Transfira responsabilidades para que tomem decisões, e aprendam com os acertos e erros. Valorize em público as ações da equipe que denotaram aspectos emocionais. Faça testes de personalidade com a equipe para conhecer melhor cada um e com isso melhorar o relacionamento do time.

Funcionário: Não confie apenas no seu curriculum para conquistar ascensão na empresa. Procure complementar as suas habilidades com aspectos emocionais, adquirindo assim QE - Quoeficiente Emocional. Disciplinas que não estão ligadas diretamente ao que você executa são justamente as que lhe darão uma competência importante. Observe na sua empresa quais são os principais valores em pauta, e busque as competências para ser um ser humano melhor, um profissional mais adaptável e uma pessoa mais fácil de lidar por seus superiores e subordinados.

Ladmir Carvalho
Diretor Executivo - Alterdata Software